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quinta-feira, 12 de maio de 2016

Entrevista coletiva - senador Aécio Neves








Assuntos: impeachment de Dilma Rousseff, crime de responsabilidade, PSDB, governo Temer.
 
Trechos da entrevista.
 
O presidente Renan Calheiros disse que a votação deve ser pela admissibilidade, pela contagem de votos. O sr. acredita na vitória da oposição hoje?
               
Não é uma vitória da oposição. É vitória do Brasil. Tentam dizer que a oposição está afastando a presidente da República. A oposição não representa sequer 20% da composição do Congresso Nacional. A presidente caminha para ser afastada do seu mandato pelos erros sucessivos na gestão pública, pelos crimes de responsabilidade cometidos e, mais do que isso, porque perdeu todas as condições de retirar o Brasil do abismo no qual seu governo nos colocou. Hoje é o dia em que o Brasil tem possibilidade de se reencontrar com seu próprio futuro porque, de tudo que os desatinos, a irresponsabilidade do governo do PT nos tirou, de tudo, o mais grave é que o governo do PT tirou dos brasileiros a capacidade de sonhar com um futuro melhor.
 
A presidente está sendo afastada porque cometeu crimes de responsabilidade e porque na consciência da esmagadora maioria dos brasileiros não tem mais condições de fazer o Brasil voltar a crescer, gerar empregos e melhorar. É um dia histórico, em que o Congresso Nacional, sintonizado com a grande maioria da sociedade brasileira, não vai apenas dizer não à presidente Dilma, não vai apenas dizer não ao governo do PT, vai dizer sim à democracia, sim a um novo futuro para os brasileiros.
               
O PSDB pretende participar do governo? 
 
O PSDB apoiou o impeachment por responsabilidade para com o Brasil. O PSDB não é beneficiário do impeachment. Não vamos virar as costas para as necessidades urgentes do Brasil de ter um governo que resgate a confiança, a credibilidade e permita aos agentes econômicos voltar a investir e voltar a fazer a roda da economia e do emprego girar. O PSDB não indicará nomes para o governo, mas o presidente Michel, em assumindo a presidência da República, poderá buscar onde achar mais adequado, inclusive no PSDB, os melhores quadros para fazer um governo à altura das expectativas do país.
 
O que temos dito é que é preciso que seja um governo altamente qualificado, enxuto. É preciso que ele reduza de forma vigorosa o tamanho da máquina pública para dar a ela eficiência que ela não vem tendo nesses 14 anos de governo do PT. O nosso apoio a um eventual governo Michel Temer se dará não em troca de cargos, se dará em torno de uma agenda de princípios, uma agenda de propostas que, inclusive, apresentamos. Eu próprio levei ao vice-presidente da República. Hoje os brasileiros terão a possibilidade de sonhar com um futuro diferente.
 
O que espera para os próximos 180 dias, para o país?
 
Espero que melhor do que os últimos 180 dias. Na verdade, o governo Michel é um governo de transição que não pode ser visto como um governo de um partido político. Será um governo de coalisão em torno da qual deveremos nos esforçar para votar um conjunto de propostas, uma agenda corajosa, audaciosa de reformas estruturantes que permita o resgate da credibilidade do país. O governo no PT nos tirou isso. Tirou a confiança, nos tirou a credibilidade e quem paga o preço são os brasileiros mais pobres.
 
Como o sr. interpreta a judicialização?
 
É um recurso de quem perdeu a argumentação.
 
Sobre crime de responsabilidade.
 
Nossa Constituição funciona como um sistema de pesos e contrapesos e ela ali estabelece os limites da ação do Poder Executivo para que não vivêssemos no absolutismo no Brasil, ou em outras democracias. E a presidente, descumprindo a Lei de Responsabilidade Fiscal e a Lei Orçamentária, cometeu crime de responsabilidade. A sanção, a punição para o crime de responsabilidade é, como prevê a nossa Constituição, o afastamento, agora temporário, caso seja aceita a admissibilidade do processo, e depois definitivamente, caso ela seja considerada culpada. O mais relevante, o mais importante de todo esse momento é que tudo isso ocorre com acompanhamento do Supremo Tribunal Federal, com acompanhamento permanente da sociedade brasileira e sairemos desse momento muito mais fortes do que estávamos lá atrás. E é uma sinalização nova para os governantes de hoje e de amanhã. A lei está aí e está aí para ser cumprida.

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