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sexta-feira, 5 de dezembro de 2014

No interior de São Paulo, bandidos diziam-se padres ou enviados por eles e entravam nas residências de fiéis para roubar peças de valor


André Cunha
Da redação
Há alguns dias, um golpe antigo voltou a alertar a população do interior de São Paulo: homens que se dizem padres ou enviados por eles, batem às portas de residências e se oferecem para abençoar os objetos de valor. Aproveitando a distração do morador, efetuam roubos.
Esse tipo de golpe já aconteceu em pelo menos 30 cidades paulistas, desde o início do ano, e os casos mais recentes foram no final do mês passado na região de Sorocaba, nas cidades de Itapetininga, Angatuba e Tietê.
Na cidade de Tietê, dois casos de furtos foram operados por pessoas que se identificavam como enviados de padres. Segundo o delegado da Polícia Civil do município, Jorge Eduardo de Vasconcelos, duas casas sofreram a ação dos bandidos, ambas com moradores idosos.
O delegado conta que os bandidos usavam da credulidade da população para “abrir as portas” das casas. Eram conhecedores das rotinas dos moradores, conheciam os padres locais e com isso conseguiram entrar nas casas. “Quando as pessoas estavam distraídas ou iam para o interior das casas para pegar algum objeto ou até um copo com água, eles furtavam coisas de valor”.


Um dos casos ocorreu na Paróquia Nossa Senhora Aparecida, em Tietê (SP). O pároco, padre Valdir Machia Serafim, diz que logo após tomar conhecimento da ação dos bandidos, informou aos fiéis, alertando-os para os devidos cuidados, a fim de preveni-los de novos furtos.
Segundo o padre, os bandidos chegavam às casas, identificavam-se como enviados dos padres, e ofereciam-se para benzer objetos religiosos. O sacerdote alerta que este tipo de rito não é realizado por leigos da paróquia. “Apenas nós padres vamos às casas, quando somos convidados pelas famílias”, explicou.
Padre Valdir disse ainda que a cidade – com duas paróquias, 40 mil habitantes e 26 missas celebradas semanalmente – tem bom número de padres e ainda não teve necessidade de enviar leigos para esse tipo de ação pastoral. “Inclusive, as pessoas da cidade nem aceitam que leigos façam esse tipo de visita porque, geralmente, quem as realiza são os padres locais”.
Tanto o pároco, padre Valdir Machia Serafim, quanto o delegado, Jorge Eduardo de Vasconcelos, acentuaram alguns alertas para que os fiéis fiquem atentos à ação de bandidos:
- não dê crédito a pessoas que se dizem enviadas por padres;
– não permita entrada de qualquer pessoa dentro da residência;
– caso receba alguém que não conheça, não deixe a pessoa sozinha dentro de casa, mas sempre acompanhada de um familiar;
– desconfie de pessoas com propostas estranhas.
O delegado classificou o crime como atuação de domínio público, sem a hipótese de formação quadrilha. “Qualquer pessoa podia fazer isso. Não precisaria ser especializado neste tipo de furto. Então acredito que não seja uma quadrilha”, afirmou. Os criminosos continuam soltos, mas o delegado garantiu que a polícia está trabalhando para prendê-los.

Padre explica que sacerdotes visitam as casas quando são convidados pelas famílias / Foto: Arquidiocese de Sorocaba







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