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quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Esporte transforma vida de cadeirante em campeão








Por Rosimere Ferreira
Samir Soares da Silva, conhecido como Samir Tigrão, representa bem a força transformadora do esporte. Samir, de 34 anos, é um atleta de destaque do handebol em cadeira de rodas, tendo recebido vários títulos e sendo considerado uma potência da Seleção Brasileira de Handebol. Natural de Porciúncula, filho de Geraldo Camilo da Silva, mais conhecido como "Bobagem", e de Maria das Graças Soares da Silva, o atleta viu sua vida se transformar quando sofreu um acidente de moto em 2003 e perdeu a perna esquerda. O esporte foi o agente transformador na vida do até então soldado da Polícia Militar, que conta um pouco da sua história ao jornal Estação Porciúncula.
  • Como o acidente mudou sua vida?
Eu era uma pessoa que pensava muito em mim e não ligava muito para os sofrimentos e nem pelas dificuldades das outras pessoas; com meu acidente, mudei totalmente a forma de ver o mundo e as pessoas.
  • Como foi essa mudança?
Através do esporte. Hoje o esporte na minha vida significa tudo, e pode trazer grandes benefícios tanto na esfera física quanto psíquica, mesmo com as dificuldades que sempre existem. É no amor ao esporte que testamos nossos limites.
  • Como é sua atuação atualmente?
Hoje, jogo profissionalmente o handebol pela Polícia, onde todos os atletas são patrocinados por uma empresa; jogo de central, jogo no time da PMERJ/Adezo, treino no Cfap. Treino handebol terça, quinta e sábado, nos demais dias treinamos atletismo e vamos para a academia.
  • Quais as maiores conquistas no esporte?
Posso dizer que conquistei quase tudo que disputei, tanto no coletivo como no individual. Sou tetracampeão brasileiro de handebol pela equipe da Polícia, Campeão Sulamericano pela Seleção Brasileira de handebol, Campeão Mundial também de handebol pela seleção. Fui eleito o melhor jogador de handebol do Brasil e artilheiro do brasileiro em 2012 com 56 gols, artilheiro do Sulamericano pela Seleção com 29 gols, campeão do regional Caixa de Atletismo no lançamento de dardo e arremesso de peso entre 2011 e 2012, onde minha marca ficou como a segunda melhor do país em 2012 no atletismo.
  • Quais são seus objetivos como atleta?
Hoje, meu objetivo no esporte é participar de uma paralimpíada e de um panamericano. É o meu sonho participar de um desses campeonatos e poder ajudar a elevar a Seleção Brasileira de Handebol. Para o futuro, pretendo voltar para Porciúncula e poder ajudar os deficientes daí e das cidades vizinhas, seja no esporte ou na inclusão social.
  • As próximas Paralimpíadas serão no Brasil, em 2016, e o handebol ainda não faz parte dos jogos paralímpicos. Você acredita que jogará pela seleção num evento desse porte?
As possibilidades são grandes, pois o handebol está na luta para virar esporte paralímpico. Se isso acontecer, com os títulos individuais que venho conquistando no handebol, as chances de realizar meu sonho são grandes.
·         Fale um pouco do Samir antes e depois do esporte.
Posso dizer sem pestanejar que sou pessoa abençoada. Muitas vezes não queremos entender porque certas coisas acontecem em nossas vidas, mas Deus sabe de todas as coisas. Sempre dizia que eu não era um exemplo a ser seguido por ninguém antes do meu acidente - esse era o meu modo de pensar. Depois do acidente, muita coisa mudou na minha vida e o esporte foi o causador disso tudo. Hoje, na minha equipe e na seleção, muitos me vêem como exemplo, e isso realmente me emociona.  Quando escutei um garoto que ficou deficiente (por causa de uma bala perdida) dizer que me admira e que sonha jogar um campeonato comigo, vejo a minha responsabilidade e peço a Deus que continue me abençoando nessa caminhada.
  • Algum recado para o pessoal de Porciúncula?
Quero aqui poder agradecer primeiramente a Deus, meus familiares que eu amo muito, ao jornal Estação Porciúncula por essa oportunidade, aos meus amigos que torcem e sempre torceram por mim e até mesmo aos que torcem contra, mas em especial a uma pessoa que sou e serei eternamente grato por chegar aqui hoje no esporte, o professor Jorge Lima. Não tenho palavras para agradecer a essa pessoa maravilhosa, que foi com quem comecei a jogar handebol em Porciúncula. Se cheguei até onde estou, mesmo jogando o handebol adaptado, foi porque ele me ensinou os primeiros fundamentos nesse esporte. Obrigado por tudo Liminha, muito obrigado, e que Deus continue abençoando você e sua família. 

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