A Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) irá formar um grupo de trabalho para elaborar um projeto de lei que crie o “Vale Mobilidade”. Com ele os jovens do estado do Rio terão direito a uma bolsa no valor de R$ 400 para se locomover pela cidade participando de eventos culturais. De acordo com o presidente da Comissão, deputado Robson Leite (PT), é importante haver um diálogo para a elaboração de políticas públicas para esse setor. “O jovem não quer só ir e voltar da escola, para onde você tem o passe livre hoje. Ele também quer ir ao teatro, ao samba, ao jongo, e isso é cultura. É fundamental que essa articulação se dê em vários setores da sociedade, juntamente com várias entidades que militam nessa área de cultura”, disse.
O “Vale Mobilidade” foi uma iniciativa da Agência Redes para Juventude, que trabalha desenvolvendo projetos culturais com jovens de comunidades. O idealizador da Agência, Marcus Vinícius Faustini, aposta no projeto como possibilidade de expandir o universo cultural desses jovens. “Não basta financiar os coletivos de cultura, mas pegar a imensa quantidade de jovens de origem popular na cidade que precisam apostar na sua formação. Criar uma bolsa de mobilidade pode aprofundar o direito desse jovem”, explicou. Para ele a bolsa também ajudaria o Estado a mapear os hábitos culturais da juventude, reunindo informações para a elaboração de políticas mais assertivas para o grupo.
A produtora cultural Michelle Lacerda, de 26 anos, afirma que a experiência de transitar pela cidade é importante não apenas para agregar cultura, mas também pela possibilidade de associar informações sobre outras comunidades à sua. Estudante de teatro desde os seis anos, Michelle, moradora da Rocinha, acredita que o projeto irá contribuir para a formação dos jovens. “Quando produzimos cultura não trabalhamos apenas com aquela comunidade em que vivemos, mas sim com uma cultura expandida entre outras cidades, outros países. É muito importante que a gente possa, pelo menos, nos locomovermos entre outras comunidades, participando de eventos como o Ocupa Alemão, o Grupo do Borel”, disse.
Representando a gerência de Cultura Urbana da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), Tiago Gomes apresentou uma série de iniciativas da Secretaria no ramo. Entre elas está o Favela Criativa, que oferecerá cursos de formação e gestão cultural, além de financiamento indireto de projetos e mediação entre componentes e patrocinadores, o que Gomes julga ser fundamental. “Vamos criar um espaço físico de encontro e um portal para estreitar esse laço entre componente e patrocinador. A gente precisa capacitar o patrocinador, o empresário, e entender que investir nesses espaços é fundamental”, explicou. Além disso, em novembro será lançado o edital de bailes e criação artística de funk, que “dialoga diretamente com o jovem de favela que produz e consome funk”. Já o edital de cultura digital é direcionado aos comunicadores que atuam em diversas frentes de favela, como a Voz da Comunidade. “Com a internet a favela tem uma potência de comunicação e articulação que a gente quer identificar e patrocinar”, finalizou Gomes.
(texto de Bárbara Figueiredo)
Pedro Motta Lima
Diretoria de Comunicação Social da Alerj
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