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terça-feira, 23 de outubro de 2012

Casal morto em acidente no RJ filho ainda não sabe da morte dos pais


Jovem de 14 anos também estava no ônibus e sofreu escoriações leves.
Além do casal, pelo menos outras nove pessoas morreram no acidente.


 

O filho de um casal que morreu no grave acidente com um ônibus na Rodovia Rio-Teresópolis (BR-116), na segunda-feira (22), ainda não sabe que os pais morreram no acidente. De acordo com Sandro Henrique da Silva, 36 anos, primo do casal Edes Moraes da Silva e Lúcia Florindo Turques da Silva, o menino de 14 anos, que viajava com os pais, sofreu escoriações leves e está internado em um hospital de Teresópolis. “Vamos ter que preparar ele”, afirmou Sandro. Segundo ele, a família tinha passado o final de semana em Itaperuna, no Norte do Estado, e voltava para casa em São João de Meriti, na Baixada Fluminense, quando aconteceu o acidente que matou 11 pessoas.

De acordo com Sandro, a família ainda não pensa em quais medidas tomar a respeito do acidente. “Isso a gente não vai pensar agora, nós primeiro queremos consolar as outras pessoas”, afirmou. Segundo o rapaz, Ilma da Silva Florindo, que também morreu no acidente, pertencia a família. Segundo a Polícia Civil, seis corpos já foram identificados e retirados do IML por familiares. São eles: José Neves Mota, Edes Moraes da Silva, Charles Estellita André, Maria Aparecida Mota Neves; Ilma da Silva Florido e Lúcia Florido Turques da Silva. Também foram divulgados os nomes de Jussara Nelon Magacho e Osvaldo Wilson Dias da Costa, que continuam no IML.

Segundo informações da viação 1001, 18 pessoas continuavam internadas na manhã desta terça. Das vítimas, 16 estavam no Hospital das Clínicas de Teresópolis, seis delas em estado grave. Outros dois feridos estão internados no Hospital Miguel Couto e o passageiro que foi encaminhado para o Hospital de Guapimirim já recebeu alta.

No momento do acidente, segundo a diretora do Hospital das Clínicas de Teresópolis, Rosane Rodrigues Costa, muitas pessoas estavam em pé dentro do ônibus. “Eles contam que sentiram um cheiro de borracha queimada e aí ficou um pânico no ônibus. Os que estavam na frente, saíram, levantaram e foram para a parte do meio e final do ônibus, em pé. Na hora do impacto, as pessoas estavam em pé, estavam soltas, e isso agravou ainda mais o acidente”, contou.

Técnicos tiveram dificuldade para retirar ônibus do local
Doze horas depois do acidente, técnicos ainda trabalhavam na Rodovia Rio-Teresópolis para retirar o ônibus da ribanceira. O ônibus só foi retirado no final da madrugada desta terça-feira. A operação cuidadosa, que envolveu cerca de 40 pessoas, começou depois da remoção do último corpo, o do motorista. A rodovia Rio-Teresópolis permaneceu com meia pista interditada e técnico desceram na mata para fixar cabos de aço ao veículo. Foi necessária a força de três guinchos grandes para começar a puxar o ônibus lentamente.

No caminho, árvores foram serradas para facilitar os trabalhos. A violência do acidente deixou o veículo totalmente destruído e os técnicos precisaram reposicionar os guinchos várias vezes. Foram mais de 40 minutos de tentativas, até que a rodovia foi fechada nos dois sentidos e o ônibus voltou a ser puxado para a pista.

O trabalho dos técnicos ficou ainda mais difícil porque as rodas traseiras estavam travadas e, em função disso, eles não conseguiam arrastar o ônibus. O problema só foi resolvido perto das 4h da manhã. Agentes ainda limparam a pista, antes de ser totalmente liberada.

Falha no freio
Peritos de Polícia Civil investigam se o ônibus, que caiu em uma ribanceira, teria perdido o freio antes do acidente. A falha técnica também é uma das hipóteses da causa do acidente, segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF). A outra possibilidade é a de o motorista, que também morreu, ter passado mal.

A linha de investigação da PRF é baseada em relatos de testemunhas, que viram o ônibus, da empresa Auto Viação 1001, descer a serra na contramão, com o alerta ligado. A técnica de enfermagem Sônia Tambara e o aposentado Sebastião Tambara seguiam de carro para Teresópolis quando viram o ônibus descer a serra na contramão. Sebastião diz que desviou, mas mesmo assim o ônibus bateu na lateral do seu carro. O casal fez o retorno para ir atras do ônibus e tentar pará-lo, mas não achou mais o coletivo na estrada. "Descemos a serra até a delegacia e ao chegar lá fomos saber do acidente", contou Sônia. "A gente ia bater de frente. Descemos rezando o terço juntos."

Segundo peritos do Instituto de Criminalística Carlos Éboli, o tacógrafo, que registra a velocidade do ônibus, marcava 80 km/h. A velocidade máxima permitida é de 60 km/h. A polícia também afirmou que não há marcas de freio.

O ônibus será levado para o pátio da empresa e lacrado ate a polícia ir ao local fazer uma perícia mais aprofundada. O caso foi registrado na 67ª DP (Guapimirimx).

A 1001 informou que faz manutenção constante nos veículos e que vai investigar se o veículo acidentado havia tido o freio inspecionado recentemente. A companhia disse que vai divulgar o nome dos mortos nesta terça-feira (23) e disponibilizou para os parentes das vítimas telefones (0800 941 3334, (11) 5060-5610 e (11) 5069-1177) para informações sobre o estado de saúde dos internados.

O ônibus saiu da cidade de Itaperuna, no Noroeste Fluminense do Rio, às 9h da manhã desta segunda-feira (22) com 29 pessoas, segundo a 1001. A assessoria disse ainda que, na hora do acidente, o número de passageiros poderia ser maior, já que o ônibus parou em outras cidades, como Miracema, Santo Antonio de Pádua, Pirapetinga e Além Paraíba. O destino do veículo era o Rio de Janeiro, com chegada prevista para 16h.

 

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