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domingo, 5 de dezembro de 2010
Tetraplégico sofre dois anos para receber seus direitos da Prefeitura de Santo Antônio de Pádua
Michel, como ele mesmo se apresenta, “Sempre fui muito arteiro, não era de ficar parado”. Em um acidente, ao tentar pegar uma fruta no pé de uma árvore, levou uma queda e ficou tetraplégico. Uma notícia dessa chegar a sua família é uma grande provação, quando você já tem outros problemas de saúde em sua casa, com a irmã.
Dona Rosana diz: “Quando recebi a notícia, já começaram com as dificuldades na casa de saúde Santa Mônica, não aceitaram socorrer Michael, pois ele não tinha plano de saúde, O Corpo de Bombeiros até forçou um atendimento, mas foi em vão, a lei aqui nunca foi respeitada nesse caso, pagou viveu, esta é a regra dessas casas de saúde. No início entrei em desespero com tantos não, pois, receber a notícia que seu filho de 17 anos não vai mais andar, não é fácil não, mas como não poderia ficar parada, aí sim começou sua luta, com as autoridades responsáveis pelo bem estar social e de saúde. Desilusão completa, como um órgão que deveria apoiar é o primeiro a excluir? Primeiro o local onde morava era alto, na Avenida Souza, onde foi oferecido um aluguel social no valor de R$ 100,00, mas, como acomodar um tetraplégico em uma casa de apenas um cômodo?
No hospital, o médico que atendeu, o Dr. Nicolau, encaminhou para um especialista em Itaperuna, pois aqui ele não conseguiu atendimento adequado para seu caso especial. Em Itaperuna a acolhida foi maravilhosa, o médico, Dr. Bruno, deu total assistência a Michael, inclusive o inscreveu em Brasília no Hospital Sarah, entidade que faz esse tipo de tratamento. Mas, falta cicatrizar as feridas, para vencer esse passo na vida de Michael, agora morando na Cidade Nova.
Isso foi só o começo do descaso, agora vem a luta pela saúde. Após os procedimentos médicos, o tratamento requer remédios, fraldas, acompanhamento no PSF, fisioterapeuta, psicóloga, assistência social, curativos.
Foi perguntado a Michael se hoje aparecesse um político em sua porta, um deputado, qual seria o seu pedido, “Uma cadeira de rodas com encosto, não posso fazer nada mesmo, gostaria de poder sentar, pois minha cabeça não tem firmeza, até hoje ninguém me procurou, é só nas eleições que eles lembram da gente”. A simplicidade de Michael foi tão cativante, em nenhum momento ele se mostrou triste, desamparado, a sua alegria é contagiante, surpreendeu pois, estar em cima de uma cama e não andar mais, e conseguir passar aceitação, conformismo, não reclamando em nenhum momento do seu estado, é um exemplo a ser seguido, pois muitos reclamam muitas vezes por tão poucas provações que passam pela vida.
A Pastoral da Saúde está acompanhando o caso de Michael, que no momento está entregue nas mãos de Deus e o Senhor com certeza está providenciando essa cadeira de rodas. Sua mãe agradece ao atendimento que recebe da fisioterapeuta Camille, que se dedica profissionalmente e humanamente, contribuindo também para o bem estar de Michael.
Este texto foi escrito em primeiro de maio de 2010, onde foi entregue uma cópia ao Prefeito José Renato Padilha, a Secretária da Promoção Social, Luciana, ao Vice Prefeito Ralph Kezen, ao Chefe do Gabinete Walton e na Secretaria de Saúde.
Sua mãe, em sua última tentativa teve a promessa mais uma vez que a cadeira de rodas seria entregue no dia 30 de outubro, como essa data cai no sábado e após feriado prolongado, ela aguarda que essa cadeira seja entregue no dia 03 de novembro, a mãe entrará com processo na defensoria pública com a obrigação de fazer, já que as promessas feitas anteriormente não foram cumpridas.
Michael sofreu acidente em janeiro de 2009, onde irá completar dois anos e nesse período Michael só teve o atendimento do PSF e alguns medicamentos pelo qual sua mãe tem que implorar; e uma cesta básica com produtos para deficientes como um pacote de fraldas, até hoje não tem acompanhamento de um assistente social, cardiologista, neurologista, para que Michael possa ser encaminhado para um tratamento mais sério no Hospital Sarah, em Brasília, onde é necessário, o preenchimento de um formulário para paciente com lesão medular, no qual o encaminhamento é feito pelo médico responsável pelo tratamento do paciente, no município onde reside.
Hoje Michael sofre com dores, escaras, o seu braço não dobra o que lhe causa muito incômodo e mesmo assim ele não reclama de nada, sofre calado, você pode chegar em sua casa e perguntar do que ele precisa, se ele está sentindo alguma dor e ele sempre responde que está tudo bem com um sorriso nos lábios.
Como as autoridades podem fazer um descaso desses com um jovem que só quer o direito de sentar em sua cadeira de rodas e dar uma volta pela rua onde mora? No momento ele conseguiu uma cadeira emprestada, mas que não atende as suas necessidades e não tem a segurança necessária que ele precisa para se locomover, uma vez que seu corpo não responde e ele não consegue firmar a cabeça.
Quando Michael ficou tetraplégico, sua mãe vem tentando a liberação de uma cadeira de rodas especial, como não conseguiu pelos meios diplomáticos, fazendo de tudo o que podia para que seu pedido fosse atendido pela Prefeitura de Pádua, que aguarda da Disk Med a entrega, e através de pedidos de vereadores que não foram atendidos. Não encontrou outra solução que não fosse entrar com uma ação na Defensoria Pública no dia 16 de novembro solicitando a liberação da cadeira de rodas especial para tetraplegia.
No dia 18, após consulta no neurologista Michel foi internado, por causa de uma unha encravada, mas foi descoberto que ele está com anemia. Foi necessário receber transfusão de sangue.
Michael recebeu tratamento necessário; e como ali é um hospital de emergência, a necessidade dele no momento foi suprida.
O pedido feito através da defensoria para a Secretaria de Saúde de acompanhamento não foi feito até a alta de Michael.
Uma equipe da Pastoral da Saúde esteve no hospital visitando Michael e pedindo a direção do hospital mais atenção ao estado em que ele se encontra, onde foram muito bem atendidos pela assistente social e psicóloga Fátima. E foi possível atender o paciente para que tudo seja feito mas, muitas das coisas a fazer depende da família, do acompanhamento em casa, a higiene do paciente é primordial, tudo depende do apoio familiar e do amor, paciência, tolerância, com entrega total a uma pessoa que não tem mais o poder sobre a sua própria vida, dependendo exclusivamente do outro, este outro anula um pouco a sua vida, pois um tetraplégico depende 24 horas por dia de alguém ao seu lado, e só Deus tem o poder de decidir sobre nossas vidas, mas podemos contribuir para que a vida daquele que depende de um olhar, carinho, amor, se torne mais tolerável de aceitar, e sua mãe tenta na medida do possível, atender as necessidades de seu filho.
Michael teve alta no dia 25 e foi para casa. Agora o caso de Michael está na justiça.
Esperamos cinco meses para não divulgar a matéria e não expor Michael mas, a única maneira do jornal conseguir chamar a atenção para o caso de Michael é através da divulgação, sem sensacionalismo e sem interesses. A preocupação maior é como o bem estar de Michael, que ele consiga não só a cadeira de rodas, mas todos os direitos previstos pela Lei, como tratamento adequado.
O deficiente físico tetraplégico tem direito a:
Cuidados especiais, paciência, banho, comida, remédios, a atender as suas necessidades, móveis, cadeira de rodas, cadeira higiênica com acento para banho e para suas necessidades especiais, cama, coletor de urina e a fazer fisioterapia.
Os direitos garantidos a Michael é o BBC-LOAS, Benefício na Lei Orgânica Social no qual é necessário laudo médico, CPF e comprovante de residência. (O Serviço Social deveria ter providenciado isso, mas infelizmente, até hoje nada foi feito).
Tem direito a tudo que pessoas normais tem (ele também é normal), temos diversas coisas e ele também deve ter, pois é cidadão igual a todos nós, com coração, olhos, ouvidos enfim, uma pessoa normal porém muitos não somos iguais na maneira de pensar e infelizmente algumas pessoas excluem, humilham mas se essas pessoas olharem bem irão descobrir que diante de Deus somos todos iguais.
Cuidados: A lesão medular impede a passagem dos impulsos voluntários do cérebro para a musculatura e das sensibilidades cutâneas até o cérebro. O controle voluntário da bexiga e intensivo também estará levando a quadros de incontinência e posteriormente, retenção de urina e fezes.
Os cuidados com a pele são muito importantes para evitar formação de escaras (feridas) nos locais de contato diário entre colchão e proeminência óssea, devem por isso, ser usados colchões de água e assentos especiais, nesses casos e higiene é extremamente importante. O tratamento do paciente com lesão medular está diretamente ligado a causa básica, compressões, fraturas ou luxação, quase sempre são submetidos a trações e posteriormente cirúrgicas. Processos tumorais intra raqui, precisa, ser extirpados.
Doença infecciosa, responde bem as medicações específicas para o agente transgressor.
A história de Carlos Linhares é idêntica a de Michael, que conseguiu do apoio do Senador Tião Viana.
Há oito anos, Carlos estava tomando banho no Rio Acre e decidiu dar um salto na água, no estilo “facada”, bateu com a cabeça no fundo e como conseqüência ficou tetraplégico, tendo perdido totalmente o movimento das pernas e braços, tendo mantido apenas o movimento da cabeça.
As mãe do rapaz, Maria Cassimiro Linhares, conta que o filho já ficou internado por duas vezes no Hospital Sarah Kubitschek onde experimentou uma cadeira especialmente adaptada para tetraplégicos. O Senador Tião Viana que com sua emenda de R$ 3 milhões originou o programa que está trazendo “dignidade” a vida das pessoas com deficiência física. Para ela, o trabalho que executa é muito gratificante e a satisfação dos pacientes é a melhor recompensa. Disse ainda que o programa de atendimento aos deficientes veio em boa hora, “Basta pensar em quantos anos muitos deles viveram sem o conforto de ter uma locomoção. O que consola é saber que daqui para frente terão pelo restante de suas vidas o prazer de poderem ir e vir” – Disse.
Convênio:
O Programa de Atendimento à Pessoa com Deficiência foi criado a partir de um convênio entre o Governo do Estado e o Ministério da Saúde, com recursos oriundos do Orçamento Geral da União (UGU) de 2006, no valor de R$ 3 milhões, oriundos de uma emenda de Tião Viana.
Gostaríamos que Michael tivésse a mesma chance que Carlos teve, que ele possa fazer seu tratamento no Hospital Sarah.
No dia primeiro de dezembro recebemos a notícia de que uma campanha estava sendo realizada na radio Cultura, através do vereador jadir Júnior, onde na parte da manhã foi arrecadado o valor da cadeira. Uma espera de quase dois anos foi resolvida em algumas horas, então podemos notar que tudo depende da atitude do próximo, da vontade de cada um fazer a sua parte. Essa idéia já tinha sido oferecida a sua mãe, porém ela aguardava a promessa da Prefeitura e resolveu aceitar agora essa campanha.
Chegou a redação do jornal que a cadeira do Michael pela prefeitura será entregue na próxima semana, caso isso ocorra, vamos aguardar qual será o posicionamento da família em relação a doação feita população.
Deficiente é aquele que não consegue modificar a sua vida, aceitando as imposições de outras pessoas ou da sociedade em que vive, sem ter consciência de que é dono do seu destino.
Louco é quem não procura ser feliz com o que possui.
Cego é aquele que não vê seu próximo morrer de frio, de fome, de miséria e só tem olhos para seus míseros problemas e pequenas dores.
Surdo é aquele que não tem tempo para ouvir um desabafo de um amigo, ou o apelo de um irmão, pois, está sempre apressado para o trabalho e quer garantir seus tostões no fim do mês.
Mudo é aquele que não consegue falar o que sente e se esconde por trás da máscara da hipocrisia.
Paralítico é quem não consegue andar na direção daqueles que precisam de sua ajuda.
Diabético é quem não consegue se doce.
Anão é quem não sabe deixar o amor crescer.
E, finalmente, a pior das deficiências é ser miserável pois, miseráveis são todos os que não conseguem enxergar a grandeza de Deus.
A amizade é um amor que nunca morre.
Mário Quintana.
Texto e fotos Marcia Mendes - Site do Senador Tião Viana
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